quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Cotidiano

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Do G1 PB

Indústrias investem em qualificação e mudam vida de trabalhadores na PB

Jovens largam pesca e agricultura para ingressar no trabalho formalizado.
Iniciativa capacita 1.200 pessoas dos municípios de Alhandra e Pitimbu.

Wagner Lima 

Os vinte e nove quilômetros de litoral compuseram durante anos o maior horizonte para Juliana Dantas Paiva. Aos 20 anos assumiu para si a condição de pescadora em Pitimbu, cidade distante a 70,9 km da capital paraibana, João Pessoa. Os únicos cálculos que fazia eram os da alternância das marés, fluxo dos cardumes e orientação dos ventos. Viveu essa 'onda' durante cinco anos, mas queria mais. Nove anos separam a Juliana pescadora da Juliana instrutora de cursos técnicos e empregada no setor insdustrial. Foi a maré dos cursos técnicos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) que a levou de vez para bem distante do mar como território de trabalho. “É uma atividade muito puxada. Não dá pra conciliar com casa, filhos e estudos. Cansa muito”, sintetiza. 

Juliana Dantas Paiva realizou cursos de qualificação profissional e se tornou instrutora do Senai  (Foto: +Consultoria Social/Arquivo)

Juliana Dantas Paiva realizou cursos de
qualificação profissional e se tornou instrutora do
Senai 

Juliana Dantas Paiva é um dos 1.200 jovens das cidades paraibanas de Alhandra e Pitimbu, no Litoral Sul, que conseguiram sentir na própria pele parte dos efeitos da expressão 'desenvolvimento local' com a chegada da indústria na região. Seja em Pitimbu, seja em Alhandra, mais que vocação, a pesca e agricultura se apresentam para os jovens como destino. Eles apreendem com a família os ofícios dos próprios pais, tios e irmãos mais velhos. A motivação para estudar e dar os primeiros passos para mudar de vida vem da instalação de uma fábrica de cimento, que deve começar a funcionar em Pitimbu em 2015.

Em agosto de 2012, Juliana se inscreveu no curso de pedreiro oferecido pelo Senai em uma ação articulada com a Brennand Cimentos, as prefeituras de Pitimbu, Alhanda, governo do Estado, Fiep e a +Consultoria Social. A iniciativa se destinou a inserir parte da população em cursos técnicos para criar mão de obra qualificada nas duas cidades, para atuação mais adiante na empresa cimenteira.

O interesse pela construção civil fez Juliana ir além. Ela fez também os cursos de montador de andaime, instalador hidráulico e o de carpinteiro. Se deu tão bem que meses depois já estava em sala de aula enfrentando outro desafio profissional como professora de curso técnico no próprio Senai. “É uma experiência inexplicável. Você ao mesmo tempo que aprende está ensinando às pessoas. É tudo muito gratificante”, define.

Da lida com a pesca, às vezes iniciada às 4h e encerrada ao entardecer, Juliana Dantas chegava a fazer apenas R$ 18 por dia, o que não ultrapassava os R$ 500 ao final do mês. Na nova profissão, a multi-tarefas recebe R$ 900, mas faz uma ressalva. “Fora os extras que sempre faço. Depois do curso não só consegui emprego como tive outras oportunidades como autônoma. Agora, sempre aparece trabalho”, conta.

De licença gestante, Juliana tem projetos para colocar em prática assim que começar a conciliar o trabalho com os cuidades da filha que está com apenas 15 dias de vida: retomar o trabalho e estudar para fazer faculdade de engenheira civil. Outro sonho dela tem formas mais concretas: onze metros de comprimento por nove de largura. A casa própria está apenas na base, mas Juliana visualiza mentalmente da forma de fazê-la até a concretização. “Tive que dar uma 'paradinha' por conta da gravidez, mas o meu maior sonho é construir a minha casa”, explica.

Sonho realizado: a carteira assinada pela primeira vez

Cursos de qualificação profissional garante formação e acesso à emprego em Pitimbu (Foto: +Consultoria Social/Arquivo)

Cursos de qualificação profissional garantem formação e acesso à emprego em Pitimbu

Sob o sol escaldante, Dailton Simões Silva trabalhou durante anos ao ar livre como Juliana, mas um pouco mais distante do mar. Ajudava os pais agricultores em um sítio. A expressão 'acordar com as galinhas' não era mera brincadeira. Muitas vezes, se levantava às 4h por ainda ter que percorrer 15 km até a propriedade onde a família planta até hoje frutas, feijão e raízes, como macaxeira, inhame e batata doce.

A agricultura como 'herança' nunca foi aceita como algo definitivo por Dailton, que nesse tempo fez os cursos de bombeiro civil e primeiros socorros, mas foi a oportunidade dos cursos técnicos em Pitimbu que o fizeram se encantar com a mecânica. Em vez de manipular a terra, frutas e verduras, Dailton se tornou eletromecânico e tem todos os dias, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, um painel central automatizado com comandos para várias operações. “Estou fazendo um treinamento para operar o painel central que tem vários comandos da produção de cimento. Aprendendo todos esses métodos já estou pensando em fazer um curso técnico em química e depois o superior”, diz.

"Eu sempre sonhei em ter a carteira assinada."
Dailton Simões Silva,
ex-aluno de curso profissionalizante do Senai

O maior sonho de Dailton veio por tabela. Ao ser inserido no mercado de trabalho, no dia 1º de setembro de 2014, Dailton teve pela primeira vez na vida a carteira de trabalho assinada. “Eu sempre sonhei em ter a carteira assinada.
Meu sonho foi atendido por Deus que só vem realizando coisas boas na minha vida desde esse curso”, comemora.

Para o professor do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba, Eládio Brennand, a explicação para a empolgação dos jovens de Alhandra e Pitimbu com os cursos técnicos do Senai  poderia ser dada em uma palavra: inclusão. Para isso, o pesquisador explica que além do aceno do empresariado, é preciso que haja política pública que incentive tanto a atividade industrial como iniciativas de formação profissional. “A importância dos cursos técnicos é ditada pelo mercado que precisa de mão de obra com qualificação”, enfatiza.

Foi com o incentivo na qualificação da mão de obra que o pedreiro Audérico Gonçalves, 22 anos, deu os primeiros passos para trabalhar com operador industrial júnior. Segurança é a palavra mais usal entre os jovens da região para explicar direitos trabalhistas: férias, 13º, fundo de garantia. “Era muito difícil arrumar serviço por aqui e quando aparecia era sem carteira ou ir para pesca. Com a carteira assinada eu me sinto mais seguro. Agora penso em fazer faculdade e quero crescer dentro da empresa”, conta.

Doutor em Ciências pela Universidade Livre de Bruxelas, Eládio Brennand aponta que os cursos técnicos ligados à indústria tem um papel importante na formação de mão de obra específica. “É uma oportunidade de inclusão muito viável que ainda necessita de reconhecimento social. O profissioinal precisa ser um pensador preparado para executar tarefas. No Brasil, os cursos técnicos não têm o reconhecimento devido porque temos uma tradição de valorização do ensino superior”, contextualiza.

Setor industrial deve absorver 25 mil trabalhadores na PB até 2017, diz Cinep
 
Evasão nos cursos profissionalizantes em Pitimbu e Alhanda, na Paraíba, só tiveram 3% de evasão (Foto: +Consultoria Social/Arquivo)

Cursos profissionalizantes em Pitimbu e Alhanda, na Paraíba, só tiveram 3% de evasão 
Até 2017, muitos sonhos por empregos com carteira assinada e ingresso no mercado de  trabalho devem ser consumados, caso a projeção da Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep) se confirme: 25 mil vagas formais desde 2011, quando começaram os incentivos e atração a 195 empresas.

A atração de empresas é um dos componentes de atenção que o setor industrial deve ter na opinião do professor Eládio Brennand. Mesmo durante a guerra fiscal entre os estados, o pesquisador reforça que cabe ao poder público pensar em políticas para o setor. “Como o acesso à mão de obra qualificada pelas indústrias vai se desenvolver depende também das políticas governamentais que incentivem ao setor industrial com a formação profissional”, frisa.

Francisco Carlos da Silveira, que coordena o projeto 'Mãos dadas com o futuro' em andamento em Pitimbu e Allhandra desde 2012, ressalta que a concretização da iniciativa só foi possível também por conta do envolvimento dos poderes públicos municipais e estadual. Nas duas cidades, as prefeituras transformaram os ginásios de esportes em centros de treinamentos e o Senai levou unindades móveis para os cursos oferecidos.

Para evitar a evasão dos alunos matriculados das salas de aula, o projeto incluiu a garantia do transporte gratuito para o local dos cursos e cada matriculado recebe uma cesta básica por mês como ajuda. Francisco Carlos da Silveira conta que esses cuidados garantiram uma confirmação de 97% de frequência nas aulas. “A maioria está trabalhando na obra da empresa (indústria cimenteria que está se instalando na região) e ao término da construção em 2015 a mão de obra vai sendo absorvida”, afirmou.

Em 2015, quando a indústria cimenteira começar a funcionar em solo de Pitimbu, os sonhos de Juliana, Dailto, Audérico talvez já sejam outros, mas, nesse ínterim, eles venceram obstáculos e o próprio destino posto como definitivo e provaram que o conhecimento gera mudanças e inclui socialmente. “Quero crescer nesse trabalho e poder dar de tudo do melhor para o meu filho. Eu trabalho para que no futuro ele estude, faça faculdade e tenha uma carreira por ele escolhida”, projeta Dailton.


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Expansão do setor possibilitou implantação de cursos específicos. 
Mulheres têm mais cuidado com qualidade do trabalho, diz especialista.

Diogo Almeida - 01/11/2014 19h06

Projeto é realizado pelo IFPB e as aulas acontecem nas cidades de João Pessoa, Cabedelo, Monteiro e Cajazeiras. (Foto: Felipe Ramos/G1)

Projeto é realizado pelo IFPB e as aulas acontecem nas cidades de João Pessoa, Cabedelo, Monteiro e Cajazeiras. 

O crescimento das cidades e a expansão no setor de construção civil abriu oportunidades para a inclusão de mulheres em uma área que tradicionalmente era composta apenas por trabalhadores do sexo masculino. Um projeto desenvolvido em quatro cidades da Paraíba capacita 640 mulheres para a área da construção civil. Realizado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), o projeto visa promover a formação intelectual, técnica e cultural das trabalhadoras.

De acordo com o professor Alexandre Urquiza, que coordenou a implantação do projeto, a ideia da criação dos cursos surgiu a partir da necessidade do mercado. “A área de construção civil está aquecida, sobretudo por conta dos investimentos públicos para o setor. Com isso, o mercado se abriu e o contingente de profissionais existentes não está dando conta da quantidade de obras que estão sendo realizadas na Paraíba,” disse Alexandre.

"Sabemos que há um preconceito, principalmente por parte dos homens que acham que só eles podem trabalhar e que as mulheres tenham que ser donas de casa, mas estamos aqui para mostrar que somos capazes de fazer o mesmo trabalho e atuar junto com eles nestas atividades"
Sandra Andreia, aluna

O professor explica que, além do aquecimento no setor, um dos principais motivos para o desenvolvimento de cursos voltado exclusivamente para mulheres se deu a partir de características próprias identificadas pelos empresários. “O mercado notou, através de pesquisas, que as mulheres têm uma preocupação maior com o trabalho, realizando os serviços com mais cuidado e evitando o desperdício de material. Isso faz com que as obras sejam executadas com mais economia e qualidade,” comentou.

Na primeira etapa do projeto, estão sendo formadas 300 mulheres nos cursos de pintura de obras, aplicação de revestimento cerâmico e auxiliar de gerenciamento de obras. Os alunos formados nos cursos de edificação auxiliam os professores durantes as aulas. Com 20 alunas em cada turma, o projeto é desenvolvido em duas etapas e a segunda etapa, que envolve a parte prática, começou na terça-feira (21). Os cursos acontecem nas cidades de João Pessoa, Cabedelo, Monteiro e Cajazeiras.

Alexandre explica que a previsão é de que as mulheres sejam absorvidas pelo mercado tão logo concluam os cursos. “Conversamos com os sindicatos de empregados e dos empresários da área e observamos a tendência de receber estas alunas, principalmente devido à necessidade do mercado em conseguir mão-de-obra qualificada,” disse Urquiza. O professor comentou também que, apesar de ainda existir um receio por parte dos empresários em contratar mulheres para trabalhar nas obras, os benefícios que estas profissionais trazem para a construção são maiores do que as despesas.

São realizados cursos de pintura de obras, aplicação de revestimento cerâmico e auxiliar de gerenciamento de obras (Foto: Felipe Ramos/G1)

São realizados cursos de pintura de obras, aplicação de revestimento cerâmico e auxiliar de gerenciamento de obras

“A justificativa que alguns empresários apresentam é que para contratar mulheres seria necessário fazer um investimento maior na questão de estrutura no canteiro de obras. Um exemplo citado por eles é na questão dos banheiros, que precisam ser adaptados e separados para a divisão de acordo com o gênero do profissional. Porém, mostramos através dos cursos que o investimento feito pelos empresários é compensado no ganho que a obra tem com a maior qualidade e menor desperdício que estas profissionais trazem para o empreendimento,” completou Alexandre.

Para a aluna Sandra Andreia, de 33 anos, a expectativa é de que o mercado de trabalho absorva as alunas e que com o tempo, a questão do preconceito seja reduzida. "Sabemos que há um preconceito, principalmente por parte dos homens que acham que só eles podem trabalhar e que as mulheres tenham que ser donas de casa, mas estamos aqui para mostrar que somos capazes de fazer o mesmo trabalho e atuar junto com eles nestas atividades", comentou Sandra.


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