sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Movimento sindical foca em melhorar saúde e segurança no trabalho

Mais de 400 trabalhadores, incluindo uma comitiva de Bauru e região, reuniram-se, entre os dias 28 e 30 de agosto, em Praia Grande, no 4º Encontro Estadual de Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (CIPA) e Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) do setor químico. O evento foi organizado pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar) por meio de seu Departamento de Saúde do Trabalhador e teve como objetivo avançar no setor.

Apesar dos avanços conquistados, muitos trabalhadores e trabalhadoras ainda desempenham suas atividades em condições de trabalho inadequadas e, consequentemente, estão expostos a riscos. Prova disto é o alto índice de irregularidades encontradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, como aponta o Sistema Federal de Inspeção de Trabalho.

De janeiro a julho deste ano, foram realizadas 67.730 inspeções quanto à segurança e saúde no trabalho em todo o Brasil. Os fiscais iniciaram o processo para aplicação de 62.498 autuações, o que dá uma média de 294 por dia. Embargaram ou interditaram 3.216 locais de trabalho, aproximadamente 15 por dia. Por isso, o movimento sindical tem ampliado o seu olhar para as questões de saúde e segurança, fortalecendo a classe trabalhadora.

Integraram a comitiva de Bauru trabalhadores da Plajax (Bauru), Lwart, Sika Química e Thomriss (Lençóis Paulista) e Tonon Bionergia (Bocaina). Edson Dias Bicalho, secretário geral da Fequimfar e presidente do Sindicato dos Químicos de Bauru e Região, explica que foi um grande encontro que deu continuidade ao trabalho realizado pela Fequimfar.

O Departamento de Saúde do Trabalhador da Fequimfar tem se empenhado em implantar novos departamentos de saúde nos sindicatos filiados e qualificar dirigentes para ocupar espaços como conselhos municipais de saúde, comissões intersetoriais de saúde do trabalhador, e centros de referência do trabalhador.

“É necessário investirmos nesta área porque, infelizmente, o índice de acidentes entre trabalhadores do setor químico ainda é alto. Considerando o período de 2008 a 2011, tivemos uma média anual de 11 mil acidentes e doenças na área de atuação da Fequimfar. Deste total, 30% foram graves e resultaram na morte de 154 trabalhadores”, frisa Bicalho.

Vanderlei Oliveira, 1º tesoureiro do Sindicato dos Químicos de Bauru, cita que as principais causas de acidentes de trabalho no setor químico são a falta de proteção aos trabalhadores, máquinas com defasagem tecnológica e excesso de risco. “Para mudarmos esta realidade, precisamos de uma forte atuação dos sindicatos e da união da categoria”, ressalta.

Durante o evento, o coordenador do Departamento de Saúde do Trabalhador da Fequimfar, João Scaboli, organizador do encontro, resgatou o que o departamento tem realizado para reverter essa situação: realização dos seminários regionais, cursos de formação, capacitação de novos quadros e implantação de departamentos de saúde nos sindicatos filiados.

Sergio Luiz Leite, presidente da Fequimfar, considera que existe uma legislação que garante condições salubres no ambiente de trabalho: “Temos que fazer valer essas normas e leis que protegem a saúde e o bem estar do trabalhador brasileiro, empoderando o membro de CIPA e SESMT, garantindo seus direitos. Formalizamos esse documento chamando a atenção do governo, principalmente para a importância da manutenção da NR12, norma regulamentadora que define critérios de proteção do trabalhador quando desenvolve atividade com a utilização de máquinas”, disse.

Presente ao encontro, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, em sua fala, disse que os trabalhadores são a base de toda a organização do mundo de trabalho e, por isso, é fundamental a formação e aquisição de conhecimento.

Desta forma, podem ser protagonistas no debate das políticas de trabalho e emprego. Trabalhadores químicos e metalúrgicos, juntos, entregaram ao ministro um documento solicitando que o governo não ceda às pressões dos empresários e mantenha a redação da norma que trata de proteções de máquinas e equipamentos.


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