sábado, 9 de fevereiro de 2013

Cuidados com os equipamentos móveis






Equipamentos móveis

Manutenção em dia

Cuidados com os equipamentos móveis devem ir além do cumprimento das recomendações dos fabricantes; saiba como fazer um plano de manutenção bem estruturado

Por Maryana Giribola

Entre a compra ou a locação de equipamentos móveis, as construtoras imobiliárias geralmente escolhem a segunda opção. No entanto, a depender das necessidades da empresa, a compra pode ser vantajosa. Construtoras podem optar pela aquisição, por exemplo, quando os equipamentos são de uso intensivo e terão papel central nas obras. Assim, não ficam à mercê de variações de preços e de disponibilidade das locadoras.

Manter uma frota de equipamentos móveis, no entanto, exige um cuidadoso plano de manutenção preventiva e corretiva. Este deve considerar não só as condições em que as máquinas estão trabalhando, mas também o nível de conhecimento e eficiência dos operadores. "Um dos principais responsáveis pelos custos de manutenção que se tem com os equipamentos e, consequentemente, com seus resultados de operação são os operadores", aponta José Eduardo Paccola, engenheiro mecânico e consultor na ZDP Consultoria.

Segundo Marco Aurélio da Cunha, presidente da Associação Brasileira de Empresas Locadoras de Bens Móveis para Construção Civil (Alec), na totalidade das locações, as máquinas de menor porte, geralmente utilizadas no segmento de obras imobiliárias, são as que mais operam com mão de obra pouco qualificada. O problema se agrava ainda mais porque em obras prediais nem sempre há um corpo de segurança que fiscalize diariamente os trabalhos com os equipamentos.

Ainda de acordo com Cunha, a associação promove há pelo menos dez anos treinamento de mão de obra em vários níveis para as empresas associadas ou não associadas. No entanto, a procura pelos cursos é quase que exclusivamente das empresas locadoras. "São poucas as construtoras e empreiteiras que possuem equipamento próprio, mas nem essas nos procuram", afirma o presidente.

Por isso, uma das primeiras ações a serem levadas em conta em uma gestão eficiente de manutenção de equipamentos móveis é a capacitação dos operadores das máquinas. É o que faz a Ilha Pura Empreendimentos Imobiliários, Sociedade de Propósito Específico (SPE) entre a Odebrecht Realizações Imobiliárias e a Carvalho Hosken, que construirá a Vila Olímpica para hospedagem dos atletas nos Jogos Olímpicos de 2016. Segundo Jouberth Cesar da Silva, técnico responsável pela área de equipamentos da empresa, são realizados treinamentos de três dias com os funcionários que vão começar a operar as máquinas. "Eles são treinados para fazer análises diárias dos equipamentos que operam. Não são análises minuciosas, mas ajudam na coleta dos dados que alimentam nosso sistema de gestão", explica Silva.

O treinamento dos operadores busca habilitá-los a fazer checklists diários com informações básicas sobre as máquinas, como estado de óleo e de água, freio, acelerador, indicadores de painéis, entre outras informações. Com mão de obra treinada, é possível então aperfeiçoar o trabalho dos mecânicos, que podem perder algum tempo para identificar todos os problemas de um equipamento.

A premissa de que mão de obra treinada influencia diretamente nas necessidades de manutenção, no entanto, não parece tão clara para os gestores. Segundo Paccola, muitos deles ainda insistem em direcionar a maior carga de culpa pelos resultados não atingidos à equipe de manutenção.

Aquisição planejada
Treinar mão de obra para operar os equipamentos é um dos primeiros passos no planejamento da gestão de frotas de uma empresa. No entanto, é preciso atenção também à escolha de máquinas adequadas para cada tipo de obra, para não sobrecarregar os equipamentos. Fazer um planejamento afinado de quais procedimentos as máquinas deverão executar e em quanto tempo farão isso pode resultar em custos de manutenção menores no futuro.

Somente após definir a escolha dos equipamentos é que se monta a gestão de manutenção da frota. Paccola ensina que cada máquina terá um plano de manutenção específico e de acordo com a demanda de cada uma delas. Seguir as especificações de manutenção preventiva de cada fabricante, que geralmente dita quais peças deverão ser avaliadas ou trocadas com determinadas horas de funcionamento, é o primeiro planejamento a ser feito. Além disso, é preciso verificar diariamente níveis de óleo, água, desgastes nos pneus, vazamentos, indicativos de painéis, trincas e folgas, entre outros cuidados de rotina.

Para isso, será necessário, de tempo em tempo, lavar os equipamentos, cuidando para que o efluente gerado, geralmente contaminado por óleos e graxas, não agrida o solo. Deve-se adaptar um local exclusivo para a lavagem, devidamente pavimentado e adaptado para fazer a coleta da água contaminada. Além disso, é preciso aguardar que a máquina esteja em temperatura adequada para ser limpa e utilizar sabões que não agridam o meio ambiente.

Manutenção preditiva Além das manutenções de rotina, é preciso planejar também quando realizar as manutenções preditivas. Esse tipo de manutenção é feito com base em avaliações de condição dos equipamentos e pode ajudar o gestor a postergar ou antecipar as manutenções preventivas de cada equipamento - isso porque, a depender das condições de operação de cada máquina, as recomendações do fornecedor podem não ser assertivas. "Se esse planejamento é malfeito, o gestor pode correr o risco de perder dinheiro ao ter que trocar peças demasiadamente desgastadas. Da mesma forma, efetuar manutenção sem necessidade representa investimento desnecessário", explica Paccola, da ZDP Consultoria.

Cada informação gerada nas manutenções e também nos checklists diários feitos pelos operários deve ser armazenada em um banco de dados. Com o avanço das tecnologias, outro meio de controlar e alimentar esse banco de dados é com o auxílio de informações via satélite, apoiadas principalmente na movimentação das máquinas, no acionamento de seus motores e no monitoramento das horas trabalhadas de cada uma. Assim, é possível saber também se o equipamento sofreu qualquer tipo de alteração técnica, ou seja, se a máquina apresenta algum problema.

Por meio dessas informações, pode-se então avaliar não só quando as máquinas vão precisar de manutenções rotineiras, mas também a reincidência ou não dos problemas identificados em cada uma. Pois, para cada ação de manutenção, muitas peças podem ser trocadas. Se essas informações se perdem, não é possível fazer a análise crítica de cada máquina e, tampouco, fechar o ciclo "plan, do, check, action" (PDCA), aplicado para que os resultados dentro do sistema de gestão adotado pela empresa sejam atingidos. "Só notamos se os problemas são reincidentes avaliando o histórico da máquina. Assim, é possível saber onde melhorar", aconselha Paccola.

Alimentar o PDCA corretamente e seguir um plano de gestão de manutenção alinhado ajudam a identificar se as ações adotadas nas manutenções preventivas, passadas pelos fabricantes, precisam ser melhoradas. Por exemplo: se a parte elétrica apresentou muitos problemas, diminui-se o tempo de manutenção preventiva indicada pelo fabricante. Assim, é possível enriquecer o plano de gestão da empresa, detalhando-o em função das condições em que os equipamentos operam.

Custos de manutenção Adotar uma média de quanto deverá ser gasto com mão de obra e troca de peças na manutenção das máquinas pode não ser seguro, alerta Eurimilson João Daniel, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema). Ele explica que manter uma máquina com níveis de operação elevados pode representar um custo maior de manutenção, enquanto que o contrário representa custos menores.

Mas, em linhas gerais, José Eduardo Paccola diz que se gasta ao longo de toda a vida útil do equipamento de 0,8 a 1,5 vezes o valor do equipamento, mas lembra: "Isso depende muito da máquina. Aí, vão se afinando os valores". Além disso, é preciso considerar os níveis de tecnologia embarcada em cada equipamento e de mão de obra qualificada para manutenção, o que pode trazer variantes para esse tipo de orçamento.

Os cuidados com a manutenção também são importantes para evitar problemas com as empresas de seguros. Afinal, para a cobertura e o pagamento de sinistros, a seguradora faz exigências quanto às condições de uso das máquinas, como operá-las com itens de segurança, manter as manutenções recomendadas pelo fabricante em dia, manter as máquinas limpas, levantar o checklist diário das máquinas, entre outras recomendações.

Outro cuidado importante relativo aos seguros é evitar a contratação de sinistros incompletos ou desnecessários para determinada operação, redobrando a atenção às cláusulas do contrato. Para saber que tipo de seguro é o mais adequado para cada frota, é preciso fazer uma avaliação de todas as condições às quais os equipamentos serão sujeitos durante os trabalhos.

CUIDADOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

dimitry kalinovsky/shutterstock
RETROESCAVADEIRA
A lubrificação de todos os pinos e buchas exige atenção especial. Utilize materiais de primeira linha na troca e lubrificação de ambos
Uma pequena folga na bucha pode significar riscos na operação e trazer problemas para o trem de força do equipamento
As unhas da caçamba, se tiverem desgaste excessivo, podem transferir esforços para a parte hidráulica da máquina
fotos: marcelo scandaroli
PÁ-CARREGADEIRA
Pinos e buchas devem ser lubrificados e verificados constantemente
Trabalhar em solo nivelado ajuda a diminuir desgastes. Deve-se operar com as quatro rodas no chão
Minimize esforços no eixo traseiro ao desagregar, levantar e transportar resíduos de obra
Retirar pregos e materiais cortantes do local de operação, evitando furos nos pneus, que podem custar de R$ 5 mil a R$ 10 mil cada
Os freios exigem atenção especial na manutenção, pois são muito utilizados nessas máquinas
fotos: marcelo scandaroli
MOTONIVELADORA
Como a máquina lida com acabamento e com o espalhamento de materiais nobres, como pedras e britas, é preciso sempre manter a lâmina em perfeito estado e alinhamento. Caso esse cuidado não seja tomado, a base do equipamento pode sofrer danos
O trem de força que compõe o equipamento, formado por motor, sistema hidráulico e transmissão, demanda os mesmos cuidados de uma pá-carregadeira
fotos: marcelo scandaroli
BOMBA PROJETORA DE ARGAMASSA
A formulação correta da argamassa é um dos pontos cruciais para evitar entupimento da bomba projetora, um dos principais problemas que o equipamento apresenta
É preciso fazer a limpeza do mangote a cada intervalo de uso de mais de uma hora. Para isso, basta colocar uma esponja dentro do orifício ligado à bomba e projetá-la para fora com água
Verifique os terminais de encaixe das mangueiras, os níveis de óleo do redutor e as condições da pistola de lançamento diariamente
marcos lima
ACABADORA DE SUPERFÍCIE
Além da limpeza das lâminas e do motor para evitar acúmulo de concreto seco, visualizar com frequência as condições do disco de flotação. Quando eles se desgastam, começam a afetar a base do equipamento e, consequentemente, transferem a força para o motor, que é prejudicado
A lubrificação dos braços de fixação das lâminas também deve ser feita diariamente, após a limpeza da máquina, para evitar travamento
marcelo scandaroli
ELEVADOR DE CREMALHEIRA
A manutenção preventiva deve ser feita de acordo com o plano de manutenção do elevador, com algumas verificações diárias feitas pelo próprio operador
Procedimentos mais técnicos devem ser feitos semanalmente ou quinzenalmente por profissional habilitado. São os casos da avaliação da integridade estrutural e mecânica do equipamento, verificação dos componentes elétricos, lubrificação, ajustes e regulagens do sistema de redução e transmissão de movimento por pinhão e cremalheira
Para evitar desgastes, observar também o nível de óleo e vazamento nas caixas redutoras mensalmente, assim como o estado geral e de lubrificação dos cabos que compõem o sistema


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